" Inacreditável ! Porém, real ... " (22ª Parte)

Roubaldo Stelionatum era um rábula dos mais chicaneiros que existiu! Adorava passar a perna nos outros, principalmente nos mais simples e pobres. Um dia ele foi cobrar uma grana de uma velha senhora, cuja fama de feiticeira era pra lá de conhecida. Roubaldo, apesar de alertado, não quis saber de estória e foi achacar a idosa mulambenta. Chegado no local, deparou-se com uma casa em ruínas: destelhada, sem pintura e com muito mato ao redor. Não tinha sequer campainha! Logo, bateu palmas e gritou: "Ôh, de casa!" Para espanto do pulha, ele não teve de esperar muito: a porta da frente, velha e descascada, abriu lentamente, acompanhada daquele enigmático barulho de porta rangendo... Mas, não havia ninguém para recebê-lo!! Roubaldo permaneceu imóvel por uns 10 (dez) segundos, até que respirou fundo e pisou no quintal daquela residência deteriorada! Ao penetrar na sala, Roubaldo tomou o maior susto de sua vida: um rápido cutucão em suas costas o fez soltar um mal-educado berro: "Ai, porra!!!..." Foi quando se deu conta da presença da velha: "Óh! Desculpe pelo palavrão!!... Mas, como a senhora veio parar aqui atrás de mim!?..." Em contrapartida, recebeu da anciã as seguintes palavras: "Isso não importa! O que você quer comigo!?" Ainda trêmulo, explicou: "Vim até aqui cobrar o dinheiro que a senhora deve!..." A velha refutou: "O quê? Como ousa cobrar dinheiro de uma velha pobre e desamparada?..." Friamente, Stelionatum respondeu: "Problema seu! Não é por causa da idade que vai dar calote nas pessoas!!..." Completamente transtornada, a bruxa velha fixou seu olhar catarático no homem e, pausadamente, o conjurou: "A quantia de dinheiro que você tomar de mim será, também, seu tempo de vida neste planeta desumano, injusto e egoísta!..." Após dizer estas palavras fortes, virou-se e, apressadamente, partiu para outro cômodo da residência, numa velocidade que o nosso infeliz cobrador poderia jurar que ela estivesse... flutuando !!! Impressionado com tudo o que viu, Roubaldo foi atrás da idosa misteriosa. Todavia, não a encontrou em lugar nenhum da casa. Bastante cansado e, também, furioso, Roubaldo começou a remexer gavetas e caixas, na esperança de obter algum valor que, pelo menos, amenizasse seu infortunado dia. Permaneceu, ainda, uns 20 (vinte) minutos naquele local, até que, por encanto, viu um pequeno vaso de barro colocado em cima de um banquinho de madeira. De forma esbaforida, pegou o pequeno objeto e o lançou contra a parede, ocasionando a sua completa destruição. Dentro dele encontravam-se guardados 02 (dois) pequenos envelopes. No primeiro, a quantia de 5 (cinco) reais; e, no segundo, um bilhete com a seguinte inscrição: "Aproveite bem seus últimos cinco dias de vida..."

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